Breve Panorama Macroeconômico

Em fevereiro, o cenário global foi marcado por tensões comerciais e geopolíticas, com destaque para as negociações tarifárias mais brandas de Donald Trump e o encontro entre os presidentes da Ucrânia e dos EUA, que aumentou preocupações com riscos geopolíticos. Apesar da redução no impacto inflacionário esperado, os dados de inflação nos EUA vieram acima do previsto (PCE em 2,5%), elevando os prêmios de risco. Os mercados reagiram com quedas nos principais índices: S&P 500 (-1,43%), Dow Jones (-1,58%) e Nasdaq (-3,97%).

No Brasil, a deterioração dos ativos contrastou com o fluxo positivo de capital estrangeiro na bolsa, que registrou saldo de R$ 1,8 bilhão no mês e R$ 8,7 bilhões no ano, impactado negativamente pelo rebalanceamento do MSCI Brazil no último pregão (-R$ 1 bilhão). A curva de juros doméstica manteve tendência de fechamento ao longo do mês, mas registrou forte abertura no último pregão, após anúncios da reforma ministerial e da liberação do FGTS, elevando preocupações inflacionárias. O IPCA de janeiro avançou 0,16%, acumulando 4,56% em 12 meses, ainda acima da meta do BC. O Boletim Focus indicou revisões altistas para a inflação até 2028, com deterioração das expectativas para a taxa Selic. O Ibovespa recuou 2,64%, encerrando fevereiro aos 122.799 pontos, enquanto o dólar subiu 1,35%, cotado a R$ 5,92.

Nos mercados internacionais, o Payroll de janeiro veio abaixo do esperado, mas a forte revisão do dado de dezembro e o ganho salarial reforçaram cautela do Fed, que sinalizou inflação em trajetória de convergência. Na Europa, os dados de inflação superaram expectativas, enquanto produção industrial e vendas no varejo ficaram abaixo do esperado. A expectativa para o BCE é de um novo corte de 25 bps, mas incertezas permanecem. Na China, os PMIs vieram fracos, e o feriado do Ano Novo Lunar distorceu indicadores.

No mercado de commodities, o petróleo caiu 4,66% (US$ 73,18/barril) diante do início de tarifação do México e Canadá e indicações de aumento da produção pela OPEP+ a partir de abril. O minério de ferro recuou 1,94% (US$ 103,65/ton) em meio a novas tarifas impostas pelos EUA e tensões comerciais envolvendo exportações de aço da China.